sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Avesso

Esse peito de onde saltam latentes e músculos/ e sangue
Que sofre uma eternidade de dor, pulso, impulso,
Onde neste corte seu sentimento é meu inverno/ frio!
Chorar a repleção daquele penar sentido pelas veias
Para contaminar as artérias em complexão mais todo restante
E corpo, sentimentos tudo apodrecer do negro da solidão:
Lágrima a lágrima você na lembrança/ um sentimento meu incompleto
Distante, mais distante que o fim de tudo
Sinto a um prisioneiro por mil anos e mil dores
Vibrando meu eu: cólera e desengano e nostalgia
O músculo ante daquele pulsar, agora jamais/ Bate!

Melancia

E se a poesia foi embora,
acalme-se,
foi só por um instante!
As vezes precisamos respirar poeira...
Conto que de novo tenho deveras muitas coisas:
a começar pelas cores quentes e pelo gosto do tempo frio.
Hoje eu vi uma nuvem e ela tinha formato de rosa.
Eu sorri.
Deveras eu tenho muitas novidades:
o dia amanheceu "alaranjado", eu resolvi jogar tudo que me "mata" pros "ares"
e descobri que o amor tem gosto de melancia.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Fere
Como me feres
no íntimo e sagrado
da ferida

Fere
Corrosivo pulso sanguíneo
que se alastra e devasta
o que ainda pulsa

Fere
No pus da fresta
De onde lá das vísceras
um gancho que me cava
me afunda, me arranca
mata!

Me feres
Me diminui
Me consome
Me seduz

Coloca do avesso
desnuda-me
Agora tão íntimo que tens
minha ferida em tuas mãos

Apodrece,
Diante de seus olhos...
Apodrecer.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Desnudo

Vem encontrar à flor
Vem falar de amor
Permita-me lhe mostrar
Como é bom amar

E na dança dos sentidos
Deixa embriagar-me com cheiros
Cada cantinho,
Seu gosto...
Permita que eu mostre as cores e sabores
Se deixe desabrochar

Vem até mim sem pudor
Sem armaduras
Disposto!
A relação é uma sinestesia dos sentidos.
Delicie-se!

domingo, 4 de outubro de 2009

Ponto final
finda.
Vírgulas explicam, separam, chamam.
Não!
Pro amor eu quero reticências...

Vagos

Que olhos esses
Esses olhos de sempre que não me dizem nada
olhos não dizem,
mostram.
Cansada de ver o que esses insanos
tendem a exibir
afim de cegar-me
iludir-me
inebriar-me.

Hoje esquecerei a nostalgia de todos os "ontens".
E não se vanglorie rapaz,
essas letras não são para você.
Hoje a poesia é minha
destinada à flor.

Pode continuar com seus olhos
estarei percebendo outros agora.
continue
continue
continue com seus levianos olhares.

Hoje não os percebo mais!